domingo, 7 de março de 2010

Cinema São Luiz

Em 1959, com capacidade e de 816 espectadores, foi inaugurado na parte baixa da rua Halfeld, número 213, o Cinema São Luiz, onde eram exibidos grandes lançamentos nacionais da sétima arte. Na década de 80, porém, a sala tornou-se um reduto de produções pornográficas e a cidade perdeu mais um belo espaço de lazer e cultura.

O prédio onde abrigava o cinema São Luiz, na verdade, é mais antigo do que a própria atividade cinematográfica que nele funcionava. Seu alvará de construção foi emitido em 1937 e seu proprietário era Luiz Cristóvão Dias.

No ano de 1954, a Companhia Central de Diversões entra com projeto de modificação no primeiro andar do prédio, utilizado anteriormente como lojas comerciais, transformando-se definitivamente em cinema, sendo aprovado na data 14 de julho do mesmo ano.

A prefeitura concede o “habite-se” à nova atividade no dia 7 de janeiro de 1955.

O cinema São Luiz estava situado na rua Halfeld, número 213-A e 213-B. Antigamente, era freqüentado pela “alta sociedade” juizforana e exibiu várias mostras de cinema-arte.

No dia 30 de julho de 1975, a Companhia Cinematográfica Franco-Brasileira, do Rio de Janeiro, mesmos donos do Cinema Excelsior, compra o imóvel pelo valor de 400.000 cruzeiros dos proprietários Maria Amélia Lamas Dias, Maria de Lourdes Cristovão Guimarães, Gabriel Ribeiro Guimarães, Erothides Dias Ladeira e Mario Hugo Ladeira.

Em sua fase final de vida como sala de exibição ficou mais conhecido como “cinema pornográfico”.

O cinema possuía um único piso com 816 poltronas revestidas a couro legítimo, mantendo a sua decoração original. O número de empregados, ao final de sua vida cinematográfica, era de seis funcionários. Segundo o gerente do cinema, ele dava lucro mesmo não tendo grande número de freqüenta atores.

A prefeitura declarou o tombamento do prédio do edifício do Cinema São Luiz no dia 06 de julho de 1999, colocando-o como um importante elemento arquitetônico do complexo compreendido em torno da Praça da Estação.

Todas as construções edificadas entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX, montam um cenário em que a história tem continuidade nas décadas posteriores, até os anos 40, com construções Art-Déco.

O estilo Art-Déco de sua construção negava a utilização exagerada da ornamentação, sustentando massas puras e limpas de concreto. A racionalidade das formas, refletida no emprego das linhas geometrizadas é sua característica mais marcante. Nota-se uma influência da cultura indígena na Praça João Penido, conhecida como Praça da Estação, a linguagem Déco é contada desde os primeiros edifícios ecléticos, refletindo a evolução pela qual passou a cidade naquele período de tempo.

O edifício do Cinema São Luiz, apesar de não pertencer ao ecletismo, como na maioria das construções da praça, é peça fundamental no conjunto desses monumentos, pois mantém a mesma linguagem característica de suas arquiteturas: ascendência provocada pela utilização dos diversos elementos verticais (o que amplia sua perspectiva e acentua sua monumentalidade); a manutenção do sistema na composição, permitindo perfeita harmonia de proporções; a divisão vertical em segmentos realizada não mais por elementos ornamentais, mas pelo próprio volume da construção; e, finalmente, o destaque dado ao segmento central (através da utilização de balcões curvos - projetados em balanço) e o respeito ao esquema tradicional de implantação (com as paredes laterais sobre os limites do lote e fachada alinhada à via pública).

A partir de meados da década de 80, o cinema começou a passar apenas filmes de gênero erótico e pornográfico, chegando a passar inclusive alguns clássicos do filme pornô como: “Império dos sentidos”; “Garganta profunda”, “Coisas eróticas” e “Contos eróticos”. Em sua fase decadente, o horário de funcionamento era de 14h30 às 20h.